Cronologia
o Século XVI
§ 1522-10-22: Terramoto de Vila Franca do Campo da ilha de São Miguel, causando o soterramento da maior parte da vila, então capital de São Miguel e provocando a morte a alguns milhares de pessoas. O sismo causou ainda danos e mortes em muitas outras povoações de São Miguel.
· O tremor de terra de 1522 deu origem a procissões realizadas todas as quartas-feiras, à noite ou de madrugada na ermida de Nossa Senhora do Rosário construída em memória da catástrofe.
· A devoção a Nossa Senhora do Rosário é o fundamento principal destas procissões.
· Alguns anos mais tarde, essas procissões foram realizadas anualmente, durante o dia e ao redor da ilha.
o Século XVII
§ 1630-09-02: Tremores de terra e erupção vulcânica das Furnas, ilha de São Miguel que causou danos materiais e humanos. Foi chamado o «Ano da Cinza».
· Durante toda esta crise de tremores de terra (durante todo o mês de Setembro e início de Outubro) foram realizadas várias procissões em toda a ilha.
· O Frei Agostinho Monte Alverne, na sua obra Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores (Vol. II) explica que os ermitas que habitavam na ermida de Nossa Senhora da Consolação no chamado Vale das Furnas foram obrigados a deixar o dito lugar e mudarem-se para a ermida de Nossa Senhora da Conceição, Val de Cabaços, em Água de Pau.
· Neste contexto, ele fala da existência de uma penitência realizada pelos moradores da ilha, a de correr as casas de Nossa Senhora da ilha a pé e descalços, de dia e de noite. Também indica o número de casas de N.ª Sr.ª visitadas pelos romeiros, no ano de 1635 visitavam 61 Casas, incluindo a do Val de Cabaços para pernoitar.
o Século XVIII
§ 1743-09-16: proibição, por parte da hierarquia eclesiástica, das romarias.
o Século XIX
§ 1851-1863: proibição da passagem dos Romeiros em Ponta Delgada
· O artigo intitulado “Nota Histórica Os Romeiros” do jornal A Crença publicado em 1926 e redigido pelo padre João José Tavares informa que o governador civil Félix Borges de Medeiros (1851-1863) proibíu a passagem dos Romeiros por PD.
o Século XX
§ 1929-03-09: retomada da prática Romeiros de São Miguel.
§ 1956: iniciativa de criar um documento escrito que regulamentasse as romarias: “A Regra do Romeiro” Antes de 1956, o conjunto de regras referentes ao funcionamento das romarias e comportamento do romeiro foi transmitido oralmente de geração em geração.
§ 1958-01-30: entrega da Regra intitulada “Como cantam e rezam os Romeiros na Ilha de S. Miguel” ao bispo Dom Manuel Afonso de Carvalho da diocese de Angra.
§ 1962-03-25: Aprovação e publicação do regulamento oficial das romarias: Regulamento dos Romeiros da ilha de São Miguel – Açores
· O regulamento oficial, intitulado Regulamento dos Romeiros da ilha de São Miguel – Açores foi revisto e corrigido por Dom Manuel Afonso de Carvalho da diocese de Angra. Ele foi aprovado e publicado no Boletim Eclesiástico dos Açores.
§ 1989-01-13: publicação de uma nova versão do regulamento oficial das romarias: Regulamento dos Romeiros da ilha de São Miguel
· Em 1989, aparece uma nova versão, actualizada desta vez pelo Grupo Coordenador das romarias de São Miguel, e aprovada por Dom Aurélio Granada Escudeiro. Este regulamento contém o mesmo título – Regulamento dos Romeiros da Ilha de São Miguel -, a mesma forma e o mesmo número de capítulos que o regulamento precedente (1962). No entanto, algumas modificações foram feitas e acrescentados novos elementos, sobretudo no que diz respeito à preparação religiosa dos romeiros, à composição dos principais membros do rancho ou ainda os deveres do romeiro no após-romaria.
o Século XXI
§ 2003: é actualizado e publicado o regulamento dos Romeiros de São Miguel. Redigido pelo Grupo Coordenador dos Romeiros de São Miguel e aprovado pelo actual bispo da diocese, Dom António de Sousa Braga, este regulamento é composto por 4 capítulos e 52 artigos. O regulamento apresenta-se em forma de livro intitulado Romeiros de São Miguel Regulamento com um total de 50 páginas.
§ 2015: foi actualizado novamente o regulamento dos Romeiros de São Miguel, no entanto ainda não foi aprovado pelo Bispo D. António.
o CONCLUSÃO:
§ Depois dos apontamentos acima referidos, podemos concluir que as Romarias de S. Miguel surgiram com o terramoto de 1522 em Vila Franca do Campo, num ato de súplica e pedido de clemência a Deus, por intercessão de Nossa Senhora.
§ Como vimos, as romarias sofreram avanços e recuos, com pribições e restrições motivadas por diversas razões mais ou menos válidas, mais ou menos compreensíveis.
§ A verdade porém é que enfrentando contrariedades, congregando boas vontades e acima de tudo fazendo valer a força da fé que faz persistir e perseverar, elas chegaram aos nossos dias com a força e a expressão que hoje vemos dentro e fora da Igreja.
§ As romarias são demonstração pública de fé.